quinta-feira, 23 de julho de 2015

Lacernella Rubra


Olim erat parva puella quae in silva habitabat. Mater puellam multum amabat, sed avia eam adeo amabat ut ei pulcherrimam lacernam rubram daret. Puella semper lacernam gerebat et post breve tempus Lacernella Rubra appellata est.
Quodam die mater, cibo aviae parato, Lacernellam Rubram vocavit. "Fer, filia, hunc cibum ad domum aviae tuae, timeo enim ne ea aegra sit." Lacernella Rubra corbem cibi ferens ad domum aviae profecta est.
Avia in alio oppido habitabat et, ut eam visitaret, per silvam ambulandum erat Lacernellae Rubrae. Mox, in aterrima silvae parte, magnus lupus Lacernellam Rubram vidit. Lupus esuriens puellam edere cupivit neque ausus est. "Multi lignatores in silva sunt," putat lupus, "et unus certe me necabit si puellam oppugnavero. Ergo, dolo utar." Puellam appropinquans rogavit "Quo, puella, cum corbe is?"
Lacernella Rubra numquam lupum viderat nec periculum recognovit. "Ambulo ad domum aviae ut ei cibum dem," lupo respondit. 
Deinde lupus rogavit ubi avia habitaret, et Lacernella Rubra aviam in parva domo ad flumen in secundo oppido habitare respondit. Lupus puellae gratias egit et abiit. Lacernella Rubra iterum ambulare coepit. Lupus autem quam celerrime ad domum aviae cucurrit. Perveniens portam pulsavit, et avia rogavit quis adesset. "Tua neptis Lacernella Rubra adsum," ait lupus parva voce, "tibi cibum tuli." Cum avia portam aperuisset, lupus in cameram saluit, aviam rapuit, et, eheu, eam voravit! Sedens post cenam, lupus pulsationem audivit.
"Quis adest?" rogavit lupum. "Tua neptis Lacernella Rubra adsum," respondit vox. Vera Lacernella Rubra pervenerat. Lupus in cubiculum aviae cucurrit, vestibus aviae se vestivit, et dixit "Intra, neptis." Lacernella Rubra vocem non recognovit, sed putans aviam faucibus aegram esse intravit.
"In cubiculo adsum, neptis, intra," ait lupus. Lacernella Rubra in cubiculum intrans lupum vestes aviae gerentem vidit.
"En, tanti oculi tibi sunt," clamavit Lacernella Rubra, ingentes oculos lupi videns.
"Ita, quo melius te videam," respondit lupus.
"Et tantae aures tibi sunt,"
"Quo melius te audiam."
"Et tanti dentes tibi sunt,"
"Quo melius te vorem!" clamavit lupus, e cubili saliens ut Lacernellam Rubram raperet.
"Eheu! Me iuva! Iuva!" clamavit Lacernella Rubra. Subito lignator, qui forte haud procul ambulabat, clamores audiens intravit. Lupum uno ictu securis necavit, Lacernellam Rubram servans. Paucis annis post, lignator Lacernellam Rubram in matrimonium duxit, et feliciter posthac habitabant. Et illa est fabula Lacernellae Rubrae.

Tradução:

Era uma vez uma menina que morava na floresta. A mãe amava muito a menina, mas a avó a amava tanto que lhe dera uma belíssima capa vermelha com capuz. A menina sempre usava a capa e depois de pouco tempo foi apelidada de Chapeuzinho Vermelho.
Certo dia, a mãe, depois de ter preparado uma comida para a avó, chamou Chapeuzinho Vermelho. "Leve, filha, esta comida para a casa da sua avó; receio que ela esteja doente." Chapeuzinho Vermelho, carregando o cesto de comida, partiu para a casa da avó.
A avó morava em outra cidade e, para visitá-la, Chapeuzinho Vermelho devia andar pela floresta. Pouco depois, na parte mais escura da floresta, um grande lobo viu Chapeuzinho Vermelho. O lobo faminto quis comer a menina mas não ousou fazê-lo. "Há muitos lenhadores na floresta", pensa o lobo, "e certamente algum me matará se eu atacar a garota. Portanto, usarei de trapaça." Aproximando-se da menina, perguntou: "Aonde vai, menina, com o cesto?"
Chapeuzinho Vermelho nunca tinha visto o lobo e não percebeu o perigo. "Caminho para a casa de minha avó para lhe dar comida", respondeu ao lobo.
Depois, o lobo perguntou onde morava a avó, e Chapeuzinho Vermelho respondeu que a avó morava em uma pequena casa perto do rio na segunda cidade. O lobo agradeceu à menina e partiu. Chapeuzinho novamente começou a caminhar. Mas o lobo correu para a casa da avó o mais rápido que pôde. Ao chegar, bateu na porta e a avó perguntou quem estava ali. "Sou eu, sua neta Chapeuzinho Vermelho", diz o lobo em voz baixa, "trouxe comida para você." Quando a avó abriu a porta, o lobo saltou para dentro do quarto, pegou a avó e, oh não!, devorou-a. Ao sentar-se depois do jantar, o lobo ouviu uma batida na porta.
"Quem está aí?", perguntou o lobo. "Sou eu, sua neta Chapeuzinho Vermelho", respondeu a voz. A verdadeira Chapeuzinho Vermelho tinha chegado. "Entre, minha neta." Chapeuzinho Vermelho não reconheceu a voz, mas, acreditando que a avó estava doente da garganta, entrou.
"Estou no quarto, neta, entre," diz o lobo. Chapeuzinho Vermelho, ao entrar no quarto, viu o lobo usando as roupas da avó.
"Nossa, que grandes olhos você tem", gritou Chapeuzinho Vermelho ao ver os grandes olhos do lobo.
"Sim, são para vê-la melhor", respondeu o lobo.
"E que grandes orelhas você tem."
"São para ouvi-la melhor."
"E que grandes dentes você tem."
"São para devorá-la melhor!", gritou o lobo, saltando da cama para capturar Chapeuzinho Vermelho.
"Socorro! Ajudem-me! Ajudem!" gritou Chapeuzinho Vermelho. De repente, um lenhador, que por acaso passava não longe dali, ao ouvir os gritos, entrou. Matou o lobo com um só golpe de seu machado, salvando Chapeuzinho Vermelho. Poucos anos depois, casou-se com Chapeuzinho Vermelho e viveram felizes para sempre. E esta é a história de Chapeuzinho Vermelho.

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